Os cursos e as contratações serão realizados por meio da Rede Cidadã, uma Associação Civil sem fins lucrativos já conveniada com o Programa de Reintegração Social de Egressos do Sistema Prisional (Presp) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Após duas semanas de formação teórica, os 10 egressos serão encaminhados para atuar como jovens aprendizes em empresas. Eles trabalharão 4 horas por dia, terão carteira assinada, o benefício de R$ 510 por mês e auxílio transporte.

Integrante da primeira turma de jovens aprendizes, Alex Magalhães dos Santos, de 21 anos, conta que está animado para começar. Ele ficou sabendo do processo seletivo por meio dos técnicos do Núcleo de Prevenção à Criminalidade de Santa Luzia, onde participa de reuniões mensais. “Nós precisamos de tudo o que eles oferecem lá. Eles organizam cursos e arrumaram esse emprego para mim”, diz. Após cumprir um ano e quatro meses de pena, Alex revela que chegou a perder uma chance de emprego por ser egresso do sistema prisional. “Tenho quase certeza que fui discriminado. Estavam contratando muita gente, mas, sem explicação, não me aceitaram”, relembra.

Nova chance

Outros dois integrantes da turma, José Roberto Araujo, de 21 anos, e Wagner Francis, de 20, também disseram ter maior dificuldade em conseguir um emprego por já terem sido presos. “A pessoa que passa pela cadeia é vista com maus olhos pela sociedade. Não acreditam que quem quer, consegue sair de lá melhor. E eu quis”, diz José Roberto. Wagner, por sua vez, ressalta que, apesar da dificuldade, felizmente há programas voltados à situação dos egressos. “Tem muita gente que discrimina, mas tem pessoas que nos dão oportunidades como essas”, destaca. 

O Presp funciona exatamente como equipamento público de inclusão social, que promove condições para que os egressos do sistema prisional retomem a vida social coletiva, oferecendo a eles, além do encaminhamento para cursos e postos de trabalho, também assistência psicológica e social. De acordo com o coordenador do programa, Saulo Rodrigues de Moraes, a iniciativa da 3ª Região da Procuradoria Regional do Trabalho é inovadora em Minas. “Representam um avanço importante a maneira como o Ministério Público acionou o programa para essa parceria e a entrada de todos os atores”, afirma.   

Capacitação

Moraes ressalta que um grande dificultador do encaminhamento para postos de trabalho é a falta de capacitação. “Está aí uma singularidade dos programas de aprendizagem, nos quais os jovens serão capacitados como auxiliares administrativos além de terem a chance da experiência profissional”, relata.

Outras duas turmas compostas por 10 jovens aprendizes, cada uma, também serão formadas ao longo de quatro anos. Neste mesmo período haverá capacitação anual de outros 60 egressos, em um total de 240. Em 2011, participarão egressos das cidades de Juiz de Fora, Ipatinga, Uberaba e Uberlândia. O tipo de formação poderá variar em cada um dos municípios, de acordo com a demanda levantada pelos técnicos dos Núcleos de Prevenção à Criminalidade (NPCs) onde o programa atua. As opções mais procuradas são as de cursos de mecânica, informática, soldas ou garçons. As capacitações terão duração de três a quatro meses e, enquanto forem realizadas, os egressos receberão uma bolsa no valor de R$ 300  e auxílio transporte.