Mostrar aos jovens que cumprem medida de internação um novo caminho e capacitá-los para o mercado de trabalho. Estas são algumas das ações de ressocialização que a Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase) promove nas unidades do Estado. O Centro Socioeducativo Santa Clara, instalado em Belo Horizonte, por exemplo, oferece quatro cursos profissionalizantes e dez oficinas de artesanato, esporte, pintura e lazer para os jovens.

Um dos cursos ofertados pelo Centro é o de confecção de móveis de bambu. Durante as aulas, os adolescentes aprendem o ofício produzindo móveis e artigos de decoração, que ficam para eles levarem para casa. A responsável pela oficina, Ruth Cristina, conta que durante o processo de aprendizagem aproveita para conversar com os adolescentes sobre sonhos e perspectivas de futuro. “Tento mostrar um novo caminho e que a vida na criminalidade não compensa. A direção da unidade sempre relata a melhora de comportamento dos jovens que participam das oficinas. Eles ficam mais tranquilos e sociáveis”.

*Lucas Santos, de 19 anos, é aluno de Ruth. O adolescente cumpre medida socioeducativa de internação há nove meses na unidade e deve ser liberado nas próximas semanas. Ele conta que durante este período tem aproveitado as oportunidades oferecidas para aprender, o máximo possível, para voltar preparado para encarar o mercado de trabalho ou, até mesmo, montar o próprio negócio. Lucas também já fez os cursos de culinária, empreendedorismo e autoconhecimento, os dois últimos foram ofertados em parceria com a Rede Cidadã - uma organização não governamental sem fins lucrativos.

“Ficar só dentro do alojamento não traz benefícios. Participando dos cursos a gente sente que está fazendo algo de útil durante o tempo que estamos cumprindo medida”, revela Lucas.

Outro jovem que tem se empenhado para conquistar novas chances é *Mário Souza, de 17 anos. Ele também já fez diversos cursos durante os sete meses de medida e, quando participou da oficina de culinária, onde os jovens aprendem a fazer bolos, pizzas, molhos e salgados, foi destaque. Hoje, é monitor das aulas. Mário, que nunca havia se aventurado pela cozinha, acredita que quando sair vai poder cozinhar em casa e, quem sabe, profissionalmente também.

A responsável pela oficina de culinária é a auxiliar de cozinha Osmeli Marques. Ela conta que durante o curso os adolescentes aprendem noções básicas de como trabalhar com a chapa, fazer doces, bolos, massas, pizzas e molhos, além de manipulação de alimentos e higienização do ambiente. De acordo com Osmeli, o curso, apesar de ser básico, dá capacidade aos jovens de disputarem por uma vaga de emprego ou criarem seu pequeno negócio. Ela revela que jovens que já foram desligados da unidade estão trabalhando em restaurantes e até por conta própria.

“Eu tento mostrar a eles que todos somos capazes com dedicação e trabalho. Um jovem me contou que, depois de ter saído daqui, compartilhou o conhecimento com sua família em casa. Hoje eles fazem pizza para vender como fonte de renda. Fico muito feliz por ter contribuído para isso”, destaca Osmeli.

Para o diretor de Formação Profissional, Cultura e Esporte da Suase, Wellington Brum, é muito importante dar, cada vez mais, novas oportunidades para os jovens que estão sob custódia do Estado. “As ações que fazemos no sistema socioeducativo visam promover a ressocialização dos adolescentes e desenvolver habilidades para que possam entrar no mercado de trabalho, após cumprirem a medida”, afirma.

Por: Poliane Brandão

Foto: Omar Freire/ Imprensa MG