“Uma Partida pela Vida”. Este é o nome da disputa de futebol que reuniu, nesta quinta-feira, 13.12, pessoas acolhidas em Comunidades Terapêuticas - organizações que apoiam a reabilitação de dependentes químicos no Estado, profissionais, familiares e outros convidados. Seja rolando a bola pelos gramados da Arena Independência, seja vibrando nas arquibancadas, todos têm adversários em comum a vencer: os problemas provocados pelo uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas.


Crédito: América / Divulgação

Quatro times compostos por profissionais e dependentes químicos que estão em tratamento em comunidades de todo o Estado disputaram as partidas. Os times foram compostos por integrantes de Comunidades Terapêuticas de Belo Horizonte, Divinópolis, Pedro Leopoldo, Santa Luzia, Nova Serrana e Conceição do Pará.

Para a subsecretária de Políticas Sobre Drogas da Sesp, Cláudia Gonçalves Leite, a disputa é mais que um evento esportivo. É uma ação de reinserção social e de prevenção ao uso de drogas, que trabalha o fortalecimento dos valores sociais e pessoais, em prol da ressocialização. “A dependência química não é um problema apenas do dependente, mas de toda a sociedade, por isto a importância das ações de prevenção, tratamento e a reinserção social”, destaca.

O pontapé inicial foi dado pelo integrante com o menor tempo de tratamento, Breno Melo, de 25 anos, que participa da Comunidade Sacramento de Amor, em Divinópolis, há apenas duas semanas. “O tratamento está sendo muito bom para mim. Não vou desperdiçar esta chance, será um pontapé inicial mesmo” diz.

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 Crédito: Christiano Correia

Este é o segundo ano da partida promovida pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), por meio da Subsecretaria de Políticas Sobre Drogas (Supod), que conta com a parceria com o América Futebol Clube, a Arena Independência e a Agência de Desenvolvimento Econômico de Itabirito (Adesita) – uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos.

“O projeto é uma forma de mostrar para eles que este mundo limpo, sóbrio e sem drogas, proporciona mais felicidade e adrenalina” destaca o diretor de Projetos Temáticos de Prevenção ao Uso Nocivo de Drogas, Júlio César de Oliveira.

Claudio Araújo, de 39 anos, considera que o álcool é o seu “calcanhar de Aquiles”. Ele conta que, por ser uma pessoa muito tímida, iniciou o uso das drogas para ficar mais desinibido; mas com o tempo foi percebendo todos os prejuízos trazidos pela dependência e tem passado por um processo de recuperação de autoestima, já que há seis meses, diz que não conseguia cuidar de si.

“Eu já não tinha minha mulher ao lado e minha família não me chamava para as festas. A droga, que era para me socializar com as pessoas, na verdade, estava me tirando do meio delas. Eu me vi só. Para algumas pessoas pode ser um simples jogo, mas muitas destas pessoas poderiam estar mortas, nas ruas ou em presídios. E, hoje, através de uma opção que nós fizemos, estamos aqui, no Independência. Poucas pessoas têm este privilégio”, compartilha Cláudio.


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Crédito: América / Divulgação

O presidente daAssociação Mineira Das Comunidades Terapeuticas (CTMG) e fundador da ComunidadeCentro de Reabilitação de Dependentes de Álcool e Drogas (Cerdad) de Santa Luzia, Dieo Aguiar, de 35 anos, conta que em 2009 estava em situação de rua, quando recebeu a oportunidade de fazer um tratamento em uma comunidade, se reabilitou, estudou e hoje é militante no combate à dependência química.

“Foi um divisor de águas na minha vida, me deu dignidade e condição de ser reinserido na sociedade. Para mim, que sou um dependente químico em recuperação, e cheguei a ficar em situação de rua, a Comunidade Terapêutica me deu oportunidade de sonhar novamente: Eu acredito na vida após as drogas. Funcionou na minha vida e eu conheço várias pessoas que estão experimentando a sobriedade desta forma”, disse.

Parceria nos jogos do América

O América também abriu as portas para que os acolhidos das comunidades terapêuticas possam acessar os seus jogos no Independência. “Mantemos alguns projetos sociais que buscam trazer públicos diversos aos nossos jogos. Entendemos que este é o nosso papel como clube e, por isso, abrimos nossas portas para os dependentes químicos que queiram acompanhar de perto nossos jogos, dentro de um processo de ressocialização” conta o diretor de Marketing e Negócios do América, Erley Lemos.

Por: Dayana Silva