Seis adolescentes que cumprem medida de internação no Centro Socioeducativo de Ipatinga são autores do livro artesanal de poesias “Coletânea de Poemas: Vozes da liberdade”, lançado na tarde desta sexta-feira, 14.12. O material foi apresentado durante uma tarde de autógrafos, que contou com a presença de familiares e outros convidados, como os parceiros que contribuíram para efetivação do material.
O coletivo “A Rua Declama”, um grupo que declama poesias com uma linguagem popular em espaços públicos, fez uma intervenção durante o lançamento e comoveu os presentes.
Os textos que compõem a coletânea foram produzidos dentro de um projeto desenvolvido pela Escola de Tempo Integral Nacif Selim de Sales, instalada dentro do Centro Socioeducativo, que procurou trabalhar a autoestima dos alunos em diversas áreas escolares, sendo uma delas a oficina de poesias. Durante os trabalhos, os jovens manifestaram interesse de ir além das atividades propostas.
Sensibilizadas com o empenho deles durante o processo literário, as professoras e a coordenadora da escola de tempo integral, Roberta Rocha, decidiram fazer uma seleção do material produzido para a produção de um livro, que se concretizou graças ao apoio da direção da unidade, que abraçou a causa, e de pessoas que acreditaram no projeto.
O livro é composto por 17 poesias de autoria dos adolescentes, da coordenadora da escola de tempo integral e uma convidada. Para financiar a próxima edição, a coletânea foi vendida a R$ 10 aos visitantes.
A diretora Roberta Rocha, apaixonada pela literatura, também é autora de dois livros publicados. Quando percebeu o entusiasmo dos alunos na oficina de poesia, ela dedicou sua experiência para nortear e dar andamento ao projeto. “Durante a oficina, nós descobrimos poetas dentro unidade. Os textos são singelos, mas trazem uma verdade bruta. Usar a arte e a educação para abrir caminhos e salvar vidas é algo grandioso. Quando um professor mostra para um adolescente que ele é forte, único e capaz, está transformando a vida dele”, observa.
Quando Paulo*, de 18 anos, entrou para oficina, começou a fazer empréstimos de livros de poesia na biblioteca da unidade e foi se identificando com alguns textos que se encaixavam com o que ele vivia. “Nas minhas poesias, eu também relatei o que vivo e o que sinto. Espero que as pessoas consigam se identificar”, diz o autor.
Pietro* conta que nunca imaginou ver um texto publicado em um livro e que, durante a oficina, foi criando amor e vínculo com a escrita. “Sinto um alívio quando escrevo, posso expressar tudo que estou pensando”, compartilha.
Até o adolescente Miguel*, que foi desligado do Centro Socioeducativo na última terça-feira, esteve presente para prestigiar os colegas. “Recebi um convite da direção e estou aqui para acompanhar o trabalho deles”.
* Os nomes são fictícios para preservar os adolescentes, conforme indicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Por Dayana Silva
Foto: Divulgação Ascom/Sesp