A segurança pública nas chamadas zonas quentes, que registram altos índices de criminalidade, tem colhido resultados importantes de redução da violência em Minas Gerais graças a uma parceria entre a prevenção à criminalidade e as forças de segurança. Para fomentar ainda mais esse trabalho, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) promoveram, nesta terça-feira (6/8), o I Seminário Integrado entre o Grupo Especial de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar) e a Política de Prevenção à Criminalidade – Programas Fica Vivo! e Mediação de Conflitos.

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Realizado no Auditório JK, na Cidade Administrativa, o encontro teve como objetivo fortalecer a parceria entre o Gepar e a Política de Prevenção, com foco na redução dos crimes violentos, em especial os homicídios, visando à melhoria da qualidade de vida das comunidades e ao incremento da sensação de segurança. O seminário capacitou aproximadamente 500 pessoas, entre policiais militares que atuam no Gepar, policiais civis – delegados das áreas onde há programas de prevenção –, supervisores, gestores, analistas e oficineiros que atuam nos Centros de Prevenção à Criminalidade.

Na solenidade de abertura, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, General Mario Araujo, registrou, em seu nome e do governador Romeu Zema, seu reconhecimento e respeito pelo trabalho desempenhado pelos profissionais que atuam no Gepar e também na Política de Prevenção à Criminalidade. “O policial que age nessas áreas, colocando a própria vida em risco, não imagina o benefício que traz para a sociedade como um todo. A Prevenção também faz um trabalho muito importante quando tira os jovens do convívio dos malfeitores que tentam cooptá-los”, afirmou.

Durante sua fala, o General ressaltou que a atuação conjunta entre o Gepar e Prevenção têm contribuído de forma significativa para a redução da criminalidade em Minas. “No primeiro semestre de 2019, ao compararmos com o mesmo período do ano passado, registramos indicadores muito robustos que nos enchem de orgulho. E isso é fruto do trabalho de cada um de vocês. É esse trabalho integrado que vai nos dar resultados ainda melhores”, destacou.

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Responsável pela primeira palestra do seminário, o comandante-geral da Polícia Militar, Coronel Giovanne Gomes da Silva, salientou a importância da capacitação continuada dos profissionais que trabalham no Gepar, hoje presente em 59 áreas de atuação, distribuídas em 22 municípios mineiros. “Esse é um serviço inovador pelo conceito de mobilização dentro da filosofia de polícia comunitária. A essência do Gepar é a prevenção criminal, o respeito aos direitos humanos e a mobilização da comunidade”, detalhou.

Segundo o comandante-geral, o serviço, ao longo de sua história, tem apresentado resultados significativos e muitas vezes imensuráveis, considerando as vidas que deixaram de ser tiradas graças ao trabalho integrado das forças de segurança. “Se há um homicídio consumado em determinada região não podemos comemorar. Mas a redução da criminalidade nos mostra que esse trabalho conjunto está dando certo e que as estratégias estão corretas”.

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Redução da criminalidade

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e a Polícia Militar desenvolvem, desde 2002, uma parceria para elaboração de estratégias de prevenção social e repressão qualificada em territórios que apresentam concentração de crimes violentos. Essa parceria prevê diálogos constantes e interlocução contínua entre a Política de Prevenção e o Gepar, em cada território de atuação, para análise da dinâmica social e criminal dos territórios, bem como definição, monitoramento e avaliação de ações conjuntas para promoção da qualidade de vida e da segurança local.

Nas 215 comunidades vulneráveis de Minas onde há atuação dos programas de prevenção à criminalidade da Sejusp, há recordes de redução de mortes. O número de vítimas de homicídios nas regiões atendidas pelos programas Fica Vivo! e Mediação de Conflitos é o menor dos últimos oito anos, desde que a atual medição de criminalidade foi implantada. Entre os jovens de 12 a 24 anos, que é a faixa etária atendida pelo programa Fica Vivo!, foram 37 vítimas de homicídios em seis meses, uma queda de 17,6% no número de vítimas em comparação com o mesmo período do ano passado.

“Trabalhamos o conceito de segurança cidadã. Se a violência é multicausal, a estratégia de intervenção não pode ser única. Precisamos de um conjunto de ações, repressivas, sociais e de prevenção, para que consigamos evitar que o crime aconteça”, destacou a subsecretária de Prevenção à Criminalidade da Sejusp, Andreza Rafaela Abreu Gomes.

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Em sua palestra no seminário, a subsecretária apresentou dados de uma pesquisa desenvolvida pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da UFMG, que foram atualizados pelo Instituto Elo em 2019, analisando o impacto do programa Fica Vivo! na redução dos homicídios nos territórios de atuação. “Comparando as áreas de atuação do programa com territórios semelhantes em renda, número populacional e características sociais, podemos ver que as áreas com o programa reduziram em quase três vezes a proporção de homicídios, enquanto áreas sem o programa ampliaram em 32% esse índice”, afirmou.

O seminário

Na abertura do seminário, cinco jovens, participantes da oficina de Arte Musical do Centro de Prevenção à Criminalidade Jardim Felicidade, de Belo Horizonte, fizeram a apresentação de estreia da música “Crescente Lunar”, composta pelo próprio grupo, que começou no Fica Vivo! e há quase um ano montou a banda Colibri. “Estamos passando por uma fase difícil no mundo, e a ideia dessa música é ser motivacional, transmitir uma mensagem de bem-estar e boa energia”, conta Muddy, de 18 anos, um dos integrantes da banda. “O Fica Vivo! foi uma oportunidade para a gente de aprender dentro da comunidade. Tem muita gente talentosa lá dentro que não consegue nenhuma chance do lado de fora. O Fica Vivo! nos ajudou e pode ajudar muita gente também”, completou Wilson Pessoa, de 19 anos.

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Além da Polícia Militar e da Política de Prevenção à Criminalidade, o seminário também contou com palestras de representantes do Ministério Público, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e Polícia Civil. Três grupos do Gepar – e seus respectivos batalhões – que apresentaram os melhores resultados dentro dos indicadores monitorados foram premiados pela Polícia Militar com troféus e certificados: o Gepar do Aglomerado São Geraldo, em Pouso Alegre (20º Batalhão), o Gepar do 1º de Maio, em Belo Horizonte (13º Batalhão) e o Gepar do Citrolândia, em Betim (33º Batalhão).

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A Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade, da Sejusp, também premiou os três Centros de Prevenção à Criminalidade que se destacaram no primeiro semestre de 2019: 1º de Maio (Belo Horizonte), Veneza (Ribeirão das Neves) e Betânia (Ipatinga).

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Além do secretário de Segurança Pública e do comandante-geral da Polícia Militar, também participaram do seminário o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, Coronel Edgard Estevo da Silva, o chefe adjunto da Polícia Civil de Minas Gerais, delegado-geral Joaquim Francisco Neto e Silva, o superintendente de Segurança Institucional do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Marcos Henrique Caldeira Brant, a coordenadora do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado, procuradora de Justiça Cássia Virgínia Serra Teixeira Gontijo, e a defensora pública e Assessora Institucional do Gabinete da Defensoria Pública, Emília Eunilce Alcaraz Castilho.

Texto: Luiza Muzzi

Fotos: Divulgação Sejusp

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