Uma parceria entre o Departamento Penitenciário de Minas Gerais, por meio do Presídio Inspetor José Martinho Drumond, e a empresa Eco-lógica tem alcançado resultados significativos no reaproveitamento de resíduos gerados por unidades prisionais de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A empresa, instalada na área externa do presídio, atua desde o ano de 2015 na separação e reaproveitamento do lixo produzido no estabelecimento prisional e, desde o início do ano de 2019, tem focado suas atividades na reciclagem do isopor proveniente de marmitas utilizadas na alimentação da população carcerária das cinco unidades prisionais de Ribeirão das Neves.

Cerca 7 mil presos das unidades José Maria Alkimin, Antônio Dutra Ladeira, José Abranches Gonçalves e Inspetor José Martinho Drumond fazem duas refeições ao dia, que resultam no descarte de 14 mil marmitas de isopor, gerando em média 300 quilos do material passível de reciclagem. O dono da empresa e engenheiro ambiental, Pedro Caiafa Ribeiro Zeferino, explica que o isopor é um material de difícil aceitação em aterros sanitários, devido à instabilidade no solo provocada pelo material quando enterrado, podendo ocasionar acidentes e danos a veículos pesados que fazem a movimentação do lixo nessas áreas. “Eu acredito muito no potencial de reaproveitamento do isopor gerado nas unidades prisionais do estado. Em parceria com o setor privado é possível que o governo consiga reciclar totalmente os resíduos, desonerando os aterros e gerando frentes de trabalho voltadas para a população carcerária”.

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Atualmente, a Eco-lógica utiliza a mão de obra de seis internos do regime semiaberto, sendo quatro funcionários da empresa e dois trabalhando por remição de pena, modalidade na qual a cada três dias trabalhados, um dia é subtraído da pena.

Para a diretora de atendimento do Presídio Inspetor José Martinho Drumond, Michelle Tatiane Lopes, além da criação de frentes de trabalho que são fundamentais para a ressocialização dos internos, a atividade contribui efetivamente com a comunidade, que reconhece a importância ambiental da proposta. “O município de Ribeirão das Neves possui mais de 300 mil habitantes, e projetos sustentáveis como este agradam os empresários e a comunidade, que tem contribuído com a proposta doando equipamentos”. A diretora acredita que com a expansão das demais atividades da parceria seja possível pensar em uma unidade prisional totalmente sustentável.

Transformando rejeitos

Poliestireno expandido é um tipo de plástico celular rígido conhecido como isopor composto por 98% de ar e 2% de plástico. Apesar de não possuir elementos tóxicos em sua composição, o EPS não apodrece nem ganha bolor, não é solúvel em água nem libera substância para o meio ambiente.

O gerente de produção da Eco-lógica, Ricardo Luiz Nascimento, relata que o processo de reciclagem das marmitas é eficiente por não ser necessária a lavagem do material. “Ao contrário do que as pessoas pensam, o EPS é 100 % reciclável. Após a retirada dos restos de comida, o EPS passa pela secagem e é inserido máquina de densificação, que retira o ar do EPS, o que equivale a 98% do seu volume transformando-as em uma massa.”

Tecnologia inovadora

A empresa Eco-lógica é também parceira das empresas Proecologic, detentora da patente do processo de densificação do EPS e a Santa Luzia, responsável pelo processo inovador que transforma os resíduos de EPS em produtos altamente resistentes usados na fabricação de molduras, quadros, porta, retratos, espelhos, revestimentos, decks, rodapés, guarnições, rosetas para portas, entre outros, utilizados pelo mercado da construção e decoração no Brasil e exportado para vários países.

A atividade da Eco-lógica no Presídio Inspetor José Martinho Drumond evitou que quatro toneladas de EPS fossem descartadas de maneira imprópria, somente no mês de setembro, além de gerar emprego e renda dentro e fora do Sistema Prisional do Estado de Minas Gerais.

 

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Texto: Rangel de Oliveira

Fotos: Dirceu Aurélio

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