Um projeto piloto do Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp) e da Central de Acompanhamento de Penas e Medidas Alternativas (Ceapa), em parceria inédita com o Instituto Wilson Chagas - associação sem fins lucrativos em prol da efetivação de direitos fundamentais para pessoas em vulnerabilidade social -, colheu seus primeiros frutos neste mês de dezembro. A proposta consiste em oferecer cursos profissionalizantes e serviços psicossociais a ex-presos, cumpridores de alternativas penais e seus familiares.

A primeira turma capacitada se formou nesta sexta-feira (20/12), em design de sobrancelhas, em um evento com entrega de certificados e lanche coletivo. Foram oito pessoas beneficiadas pela iniciativa, que não se resume à profissionalização do público-alvo, mas também proporciona um espaço de acolhimento, escuta ativa e diagnóstico das demandas desses sujeitos. O objetivo, da mesma forma, ultrapassa o cumprimento de determinações judiciais e perpassa a inclusão social dos indivíduos apenados, chegando até à prevenção da criminalidade.

“A gente trabalha com ações continuadas semanais. Isso possibilita a formação de vínculos, além de uma interação melhor entre o próprio Instituto Wilson Chagas e o PrEsp. Assim, o Centro de Prevenção à Criminalidade passa a ser um local com o qual os usuários podem contar, levar as suas angústias, compartilhá-las com os demais: possibilidades que talvez não existiriam em outro ambiente. Para os participantes, representa um voto de confiança”, explica a gestora do Centro de Alternativas Penais e Inclusão Social de Egressos de Belo Horizonte (Capie/BH), Jaqueline Roversi.

A usuária da Ceapa e beneficiária da capacitação, Nicole Angel, concorda com as afirmações. “Nunca trabalhei com beleza, apesar de sempre ter sido um desejo, mas já tinha feito um curso de design de sobrancelhas anteriormente. Desta vez, foi uma oportunidade de aprender mais e descobrir novas técnicas. Estética é uma área em que eu tenho muito interesse, cabelo, unha, maquiagem. Pretendo começar como empreendedora e quem sabe um dia ter o meu salão com tudo isso”, conta a jovem, que vem treinando suas habilidades em parentes e amigos.

Com o sucesso da parceria, há expectativa para retomada das ações e expansões futuras. “No próximo ano, traremos cursos com a carga horária maior e atendimento a outras reivindicações do público. Percebemos ser significativa a procura por áreas que possibilitem um trabalho autônomo e a geração de renda a partir dele. O Instituto Wilson Chagas tem em seu catálogo várias opções com essa característica”, relata a analista de psicologia do PrEsp/BH, Rita de Cássia dos Santos.

Neste ano, a capacitação teve 24 horas de duração, divididas entre aulas práticas e intervenções psicossociais. As atividades aconteceram entre os meses de novembro e dezembro.

Texto e fotos: Paula Machado