Transformar o que já não serve mais em algo bom e útil. Esse poderia ser somente o papel de ressocialização que as unidades prisionais de Minas Gerais executam com seus custodiados. Mas, no Presídio de Rio Pomba, na Zona da Mata mineira, essa transformação acontece também em forma de trabalho. Cerca de dez acautelados estão atuando diariamente na reciclagem de descartes de ferro que recebem como doação. Assim, materiais como janelas, portas e sucatas de ferro de um modo geral são transformados em grades, vergalhões e mecanismos de segurança que estão melhorando e ampliando a unidade prisional.

 

De acordo com o diretor-geral do presídio, Pablo Carangola, o trabalho é fruto de um envolvimento coletivo que envolve a gestão, os servidores e os reeducandos. “Todos trabalhamos na missão de transformar uma realidade dura em um espaço de aplicação da lei, mas que garanta dignidade a todos os envolvidos”, ressalta. Para ele, além do reaproveitamento do lixo descartado, que dá origem à matéria-prima de suma importância para melhorias na unidade, existe também o papel social na redução do impacto ambiental.

Como resultado do trabalho dos acautelados, uma biblioteca está quase pronta e vários portões receberam reforços de segurança que facilitam o trabalho dos policiais penais que atuam na unidade. “É uma vontade antiga disponibilizar para nossos custodiados um espaço para estudo e implementação do projeto de remição pela leitura. Com a biblioteca pronta, finalmente conseguiremos”, explica Pablo.

E as melhorias não param por aí. Segundo o diretor, após a finalização da biblioteca, será realizada também a construção de um núcleo de saúde para atendimento aos presos dentro da unidade.

 

Contribuição

Orgulho. Esse é o sentimento que Wellington Benedito Apolinário, de 36 anos, sente ao ver o resultado do seu trabalho transformando materiais que seriam descartados em algo útil para todos. “É muito gratificante ver os vergalhões que fazemos aqui virando estrutura para a construção da biblioteca. Algo que vai ser bom não só para mim, mas para todos que um dia irão usar”, diz.

Wellington conta que não tinha experiência na área e deve muito do conhecimento adquirido aos policiais penais que o auxiliaram e também aos outros custodiados. “Aprendi muito aqui dentro. Tenho certeza de que quando sair conseguirei um trabalho na área de serralheria, agora que já tenho experiência”.

 

Maxwell Mariano, de 24 anos, também tem contribuído com o trabalho na parte de alvenaria das obras na unidade. Ele diz que já havia trabalhado como pedreiro e ficou feliz em poder colocar seus conhecimentos em prática, uma vez que o ofício contribui não somente nas melhorias estruturais para a unidade, mas também na mudança de sua própria rotina. “O trabalho enobrece o homem e, no nosso caso, ajuda o tempo a passar mais rápido e faz com que a gente se sinta mais útil. É muito gratificante”, finaliza.

Texto: Poliane Brandão

Fotos: Divulgação Sejusp