O Centro Socioeducativo de Uberlândia, localizado no Triângulo Mineiro, iniciou a produção de máscaras para auxiliar no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Inicialmente, quatro adolescentes estão se profissionalizando e se revezando para manter o funcionamento da nova oficina, inaugurada há menos de uma semana. As máscaras são fabricadas em algodão e os tecidos fornecidos pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Minas Gerais já conta com nove unidades socioeducativas participando da produção dos itens, com fabricação total que ultrapassa 27 mil peças.

Ainda aprendizes neste novo ofício, os adolescentes estão produzindo uma média de 50 máscaras por dia. De acordo com a coordenadora das atividades, a auxiliar educacional Ana Clarissa Fagundes, os números da linha de produção devem aumentar muito em breve. "Eles estão empenhados e fazendo tudo com muito cuidado e capricho, zelando pela qualidade final dos produtos. Acredito que com mais tempo de prática nossa produção diária deva aumentar consideravelmente”, avalia.

Ana também conta que está admirada com o envolvimento e a preocupação dos jovens. Segundo ela, a atividade resulta em diferenças significativas e perceptíveis no comportamento dos adolescentes que estão participando do projeto. “Eles se preocupam com o trabalho e querem incentivar a família para que todos usem as máscaras. Está sendo desafiador para todos nós e, no fim do dia, todo mundo acaba aprendendo algo", conclui.

Para Gustavo Ferreira*, 19 anos, que nunca havia tido experiência com costura, a atividade o ajuda a compreender a importância do trabalho em equipe. "Eu era uma pessoa que não respeitava o outro. Esse tipo de tarefa, em que a função de cada um é importante no processo e o sucesso depende da harmonia de todos, tem me ajudado bastante a mudar de atitude e rever minhas posturas", reflete o jovem.

Fábio Henrique* também tem 19 anos e pondera que a nova oportunidade, apesar de diferente de tudo o que já fez, é uma chance de aprendizado e de reparar os seus erros. "É sempre bom aprender coisas novas. O conhecimento é algo que ninguém tira da gente, é o que fica, né? E é muito gratificante saber que algo que estamos fazendo está sendo bom para as outras pessoas. Contribuir com o próximo faz a gente se sentir melhor", diz.

As atividades realizadas na unidade de Uberlândia foram possíveis graças a uma parceria bem sucedida com o Centro Socioeducativo de Unaí. Segundo o diretor-geral de Uberlândia, Gilson Rodrigues, a nova oficina contou com o apoio e o suporte da equipe de Unaí, responsável pela capacitação e acompanhamento dos adolescentes. “O espírito de coletividade entre os envolvidos está em todos os momentos, desde o início do processo. Estamos satisfeitos em saber que o produto desta parceria beneficiará servidores das nossas unidades e de demais centros socioeducativos que ainda não produzem o material”.

Produção em todo o Estado

A produção de máscaras no sistema socioeducativo de Minas Gerais foi iniciada em abril na unidade de Sete Lagoas, inicialmente com material descartável. De lá para cá, mais sete unidades, além de Uberlândia, iniciaram o projeto com tecido 100% algodão.

Vinte e sete mil máscaras já foram produzidas nos Centros Socioeducativos de Sete Lagoas, Ribeirão das Neves, Divinópolis, Unaí, Patrocínio, São Jerônimo, Santa Terezinha e Santa Clara (em Belo Horizonte) e, agora, Uberlândia. Nos próximos dias a produção se expandirá para as unidades de Uberaba e Patos de Minas.

*Nomes fictícios para preservar as identidades dos adolescentes, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Texto: Poliane Brandão

Fotos: Divulgação Ascom - Sejusp