No Centro Socioeducativo São Jerônimo, em Belo Horizonte, duas jovens estão aprendendo a confeccionar lingeries e tops para serem usados exclusivamente pelas adolescentes que cumprem medida de internação na unidade. A atividade começou há cerca de dez dias, e o aprendizado está sendo rápido, uma vez que elas já produzem máscaras descartáveis para o combate e prevenção à covid-19.

A diretora-geral da unidade socioeducativa, Érika Vinhal, explica que o mais importante desta oficina não são os números ou a capacidade produtiva, mas o desenvolvimento cognitivo, como a percepção, memória, habilidades motoras, criatividade, entendimento de processos e relacionamento interpessoal. “A partir do desenvolvimento dessas capacidades, estas jovens estarão mais preparadas para quando terminarem de cumprir as medidas socioeducativas, além de aprenderem uma atividade com grandes chances de empregabilidade”, reforça a diretora.

Todo o aprendizado das jovens, desde a fabricação das máscaras, ocorre com uma das agentes socioeducativas. A intenção da direção geral da unidade é transformar a atividade em um curso de formação profissional, pois as adolescentes estão muito animadas com o que já sabem e sonham em montar o próprio negócio.

Os insumos para a confecção das peças — linhas, malhas e rendas — são adquiridos com verbas específicas para as oficinas de produção, direcionadas pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio da Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase), e de verbas pecuniárias do Tribunal de Justiça.

Empreendedorismo

Lethicia Barros*, 18 anos, conta que fazer uma calcinha ou top é um verdadeiro quebra-cabeça. “A gente desenha, corta os moldes e vai montando, é incrível. Vou ter minha própria marca”, revela entusiasmada a jovem do Centro Socioeducativo São Jerônimo.

Apesar de a produção ainda estar em fase experimental, as jovens também aprendem a fazer análise de custos, para que possam, futuramente, saber colocar preços em seus produtos.

A oficina funciona de segunda a sexta-feira, em dias intercalados com a fabricação das máscaras para prevenção e combate à covid-19. As atividades escolares também não param, mesmo em época de pandemia, e as jovens assistem aulas gravadas e realizam tarefas escolares.

*Nome fictício para preservar a identidade da adolescente, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Texto: Bernardo Carneiro

Vídeo: Felipe Gurgel

Fotos: Divulgação Sejusp

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