Bibliotecas de unidades prisionais e socioeducativas estão recebendo um reforço nos seus acervos, com a ajuda de pessoas que gostam de livros e acreditam na capacidade da leitura em transformar, tanto a vida de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, quanto a de homens e mulheres presos em alguma das 194 unidades administradas pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

O Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) recebeu cerca de 1.500 livros, arrecadados em uma campanha promovida em redes sociais, pela jornalista e escritora Paula Emmanuella Fernandes. Seu amor pelos livros deu origem ao projeto Biblioteca Solidária, que tem como objetivo conseguir obras, especialmente literárias, para instituições como hospitais, casa de recuperação de dependentes químicos e presídios. “Acredito, realmente, no poder dos livros em tocar as pessoas, abrir os horizontes e trazer novos sentidos para a vida”, explica a jornalista, que tem sete livros publicados.

Clássicos da literatura nacional e internacional, como Machado de Assis, Cecília Meireles, Graciliano Ramos, Gustave Flaubert e Dostoiévski estão chegando às mãos de detentos e detentas, de unidades prisionais espalhadas pelas mais diversas regiões de Minas Gerais: Sul, Central, Jequitinhonha, Zona da Mata, dentre outras.

A diretora de Ensino e Profissionalização do Depen-MG, Bruna Aguiar Maciel, considera o incentivo e a prática da leitura de importância fundamental no processo de ressocialização dos detentos. “Sempre agradecemos e comemoramos as doações de livros para o sistema prisional. A distribuição é feita de forma criteriosa, para que as obras possam ser bem aproveitadas”, explica a diretora.

Adolescentes em cumprimento de medida

As doações recebidas pela Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase) chegaram por meio de uma servidora da Sejusp, Wettna Lages Ferreira, responsável pela Controladoria Setorial. “Uma amiga disse que tinha vários livros para doação, eram 17 caixas. Não perdi tempo. Falei dos jovens do socioeducativo”, relata a servidora, que acredita na libertação do ser humano pela leitura. “Desejo aos jovens, ao entrarem em contato com o universo dos livros, que possam identificar as inúmeras possibilidades do mundo e ter uma vida de paz e crescimento.”

Hoje, as obras estão nas estantes da biblioteca do Centro Socioeducativo Santa Clara, no bairro Capitão Eduardo, em Belo Horizonte. O diretor-geral do centro socioeducativo, Júlio Gomide, valoriza as doações que ampliam e enriquecem as alternativas de leitura dos adolescentes. “As obras são selecionadas e organizadas por pedagogos. Temos uma boa frequência e ritmo de leitura, por parte de muitos dos jovens”, revela o diretor.

Texto: Bernardo Carneiro

Fotos: Divulgação Sejusp