Em um terreno de 400 m2, quatro detentos do Presídio de Caratinga, no Vale do Rio Doce, se revezam de domingo a domingo cuidando da horta da unidade prisional. Por mês, mais de 1.100kg de verduras, frutas e legumes saem do local direto para instituições que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social. São quilos e mais quilos de couve, alface, almeirão, cenoura, beterraba, jiló, pimentão, espinafre, abobrinha, melancia, mamão, entre outros.

A produção totalmente orgânica é doada para quatro instituições: Lar Das Meninas, Instituto Amigos dos Meninos Assistidos de Caratinga (Amac), asilo Recanto dos Idosos Pastor Geraldo Sales e Hospital Nossa Senhora das Dores. Para a diretora-geral do presídio, Maria Alice Mendes Gomes, a satisfação em se realizar um trabalho que beneficia todos os envolvidos é orgulho para toda a equipe. “É muito gratificante quando podemos realizar um trabalho que contribui com o próximo, ainda mais quando se fala em entidades que necessitam deste apoio. O reflexo também é muito positivo na unidade prisional, pois os custodiados se sentem motivados nos cuidados das hortaliças sabendo que o fruto do trabalho deles está ajudando muita gente lá fora” afirma a diretora.

Pelo serviço executado na horta os presos recebem remição de pena, quando a cada três dias trabalhados um é remido da sentença. Os alimentos são entregues às instituições semanalmente. Segundo a assistente social do asilo Recanto dos Idosos Pastor Geraldo Sales, Adriana Angélica, o lar abriga atualmente 54 idosos e se mantém com as doações recebidas, já que é uma entidade cem por cento filantrópica. Segundo ela, as verduras e legumes que chegam da unidade prisional são de extrema importância para o preparo das refeições servidas no local.



“Os nossos idosos amam verduras, até preferem no lugar da carne. O presídio é um presente na nossa vida, uma verdadeira benção de Deus. O trabalho deles é excelente, e um grande auxílio para nós. Graças às doações podemos ofertar refeições com uma variedade de nutrientes. Temos alguns pacientes que usam sonda, por exemplo, e a alimentação tem que ser especificamente elaborada com legumes e verduras. Se não recebêssemos esses alimentos, não teríamos condições de comprar”, conta Adriana.

Todo o trabalho da horta é comandado pela policial penal e gerente de produção Eliza Theodora, que não vê nenhuma parte difícil no trabalho executado, apenas a satisfação em ajudar. “Para mim é um prazer gerenciar as atividades dos custodiados. O trabalho possibilita mudanças de comportamentos e sem dúvida permite o regresso melhor dos presos para o convívio social”. Segundo Eliza há uma fila de espera para trabalhar no local, pois o trabalho motiva e muitos que lá estão querem participar do projeto e contribuir.

Texto: Fernanda de Paula

Fotos: Sheila Fotografias/Divulgação Sejusp