Mulheres de baixa renda, vítimas de violência doméstica, e que são atendidas pelo Programa Mediação de Conflitos (PMC) na Região Metropolitana de Belo Horizonte estão tendo a chance de mudar de vida por meio do projeto TransformAção. A turma de Culinária com ênfase em pizza e snacks (terceira de uma série de cinco cursos disponibilizados) teve início nesta semana. A capacitação acontece das 13h às 17h, na Associação Mineira de Educação Continuada (Asmec), na capital.

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Uma média de 20 mulheres tem frequentado cada uma das turmas da capacitação, com carga horária de 30 horas/aula. A primeira turma foi iniciada no dia 11/6 e o encerramento da última turma está previsto para o dia 13 de agosto. Os cursos foram escolhidos pelas próprias mulheres, por meio de uma pesquisa realizada pelo PMC com as vítimas de violência doméstica atendidas pelo programa. Já foram concluídos os cursos de Auxiliar Administrativo, com ênfase em Personal Organizer, e Costura Criativa. As próximas turmas serão de Cabeleireiro e Maquiagem.

Além da qualificação profissional, as mulheres também participam de aulas com disciplinas humanas, que têm o objetivo de incentivar o autoconhecimento, a autoestima e, ainda, informá-las sobre seus direitos. Entre as disciplinas, destaca-se o tema Ensinando Mulheres sobre Educação Financeira, para que elas possam melhor administrar seus ganhos.

Ao todo, serão capacitadas 100 mulheres em 44 horas no total. Cada uma escolheu um dos cinco cursos disponibilizados. As participantes são mulheres atendidas pelas Unidades de Prevenção à Criminalidade (UPCs) das comunidades Serra, Santa Lúcia, Cabana, Morro das Pedras, Pedreira Padro Lopes, Taquaril, Jardim Felicidade, Ribeiro de Abreu, Jardim Leblon, Vila Cemig e Vila Pinho. No local onde são realizados os cursos há cuidadores que ficam com as crianças enquanto as mães participam das aulas. No intervalo, é fornecido um lanche para todos.

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Todas as inscritas receberam um kit de material didático para acompanhar as aulas, composto por uma camisa do projeto, caderno, pasta, entre outros itens escolares. Elas também recebem vale transporte diário, para que possam se deslocar das suas casas sem nenhum custo. Ao final da formação, receberão um kit básico com equipamentos e produtos, de acordo com o curso escolhido, para que possam iniciar o próprio negócio. Alunas do curso de maquiagem, por exemplo, receberão os produtos para começar a trabalhar assim que concluírem a formação.

Parceria

Os cursos são promovidos pela Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade (Supec), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), e financiados pela Embaixada Americana por meio de um edital da instituição. O projeto conta com um aporte financeiro de 22,4 mil dólares. A escolha do nome, TransformAção, traduz seu maior objetivo, que é transformar por meio da ação, e fazer dessas mulheres agentes de mudança de suas próprias vidas. A intenção é propiciar a oportunidade de ter uma profissão ou o próprio negócio, criando sua fonte de renda.

Odaléia Silva Paulino, 46 anos, é referência comunitária no Morro das Pedras e está satisfeita em poder participar da capacitação. Atualmente desempregada, ela sempre gostou de cozinhar e já trabalhou vendendo marmitex em casa. “Estou muito empolgada com este curso porque vou poder trabalhar de casa, com algo que me dá prazer, e ter minha liberdade financeira. Imagino que, com o que iremos aprender aqui, vou poder oferecer tanto produtos congelados, quanto produtos prontos para o consumo. E como sou conhecida na comunidade, tenho certeza que a procura será grande”.

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Já Bruna Sacramento, 25 anos, percebe no curso a oportunidade de conhecer outras mulheres, trocar experiências e ver que não está sozinha. “Eu venho de um histórico de abusos desde a infância e superar tudo isso tem sido um processo longo. Estar aqui e ver que outras tantas mulheres também sobreviveram a tanta coisa é algo que nos fortalece e motiva a ir cada vez mais longe. O que estamos aprendendo vai além de capacitação profissional ou educação financeira. Estamos aprendendo a olhar a outra com compaixão, a ver que somos capazes de comandar nossa história. Isso não tem preço. Estou muito grata ao Mediação de Conflitos por esta oportunidade”, finalizou.

Texto: Poliane Brandão

Fotos: Dirceu Aurélio/Ascom Sejusp