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De janeiro a abril, 11 mil oficinas são ofertadas a adolescentes que cumprem medidas socioeducativas

Houve um aumento de 15,63%, em comparação ao mesmo período de 2024, entre as modalidades profissionais, culturais, esportivas, de orientação ao estudo e saúde

  
A principal missão da Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase) é contribuir para o rompimento da trajetória infracional de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. Entre as iniciativas de destaque nesse sentido está a oferta de 10.953 oficinas para esses jovens, entre janeiro e abril deste ano — um aumento de 15,63% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Esse crescimento reflete o trabalho e o investimento do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), na responsabilização e oferta de novos caminhos para adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Essas oficinas foram oferecidas nas 42 unidades socioeducativas distribuídas em pontos estratégicos por todo o estado.

 

"O aumento significativo no número de oficinas criadas pelo nosso sistema socioeducativo mostra o nosso compromisso em oferecer novos caminhos para os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Acreditamos que educação, cultura e profissionalização são ferramentas essenciais para que possam romper o ciclo da infração e reconstruir suas vidas", diz o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco. 
 
As oficinas abrangem diversas modalidades, como esportivas (2.259), culturais (2.408), orientação aos estudos (1.543), orientação profissional (1.834), saúde (1.202) e temas diversos (1.707). Elas são realizadas não apenas dentro dos centros socioeducativos e casas de semiliberdade, mas também em centros culturais, museus, empresas de diferentes setores e espaços ao ar livre que possibilitem o desenvolvimento de várias atividades esportivas e de educação ambiental. 
   
Construção

As oficinas têm temáticas variadas que vão ao encontro dos eixos obrigatórios do cumprimento da medida como esporte, cultura, lazer, convivência familiar e comunitária, eixos basilares de fortalecimento dessa política e de responsabilização dos adolescentes. 
 

A subsecretária de Atendimento Socioeducativo, Giselle da Silva Cyrillo, destaca as oficinas educacionais, como as de reforço pedagógico e de orientação profissional. “Elas permitem que o adolescente saia das medidas socioeducativas tendo condições de se inserir de maneira qualificada e protegida no mercado de trabalho e, efetivamente, rompam com a trajetória infracional, diminuindo a reincidência e garantindo a Minas Gerais um estado mais seguro para se viver.” 
 
No sistema socioeducativo, essas atividades são coordenadas pela equipe da Diretoria de Formação Educacional, Profissional, Esporte, Cultura e Lazer (DFP). Na gerência de profissionalização, a responsabilidade é da analista executivo de Defesa Social, Márcia Pedrosa, formada em Terapia Ocupacional. Durante seis anos, ela atuou em três unidades socioeducativas e, com essa experiência, percebeu a importância de ajudar os jovens no resgate dos papéis ocupacionais perdidos, como de estudante, filho, irmão e cidadão. 
 
“Nas inúmeras vinculações dos jovens, é fundamental uma construção ou reconstrução do espaço escolar. Criar uma sensação de pertencimento a esse e ao seu espaço do trabalho possibilita novas construções de visão do mundo”, analisa a gerente de profissionalização. 

Vocação

Jacques Trindade é auxiliar educacional concursado e, atualmente, lotado na DFP. Trabalhou por três anos nos Centros Socioeducativos Santa Terezinha, São Benedito e Ribeirão das Neves. Dessas unidades, tem boas histórias para contar sobre as diversas oficinas que conduziu com os adolescentes, seguindo as diretrizes da Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo.

Formado em Direito e com talento para professor, ele gosta de lembrar de uma oficina que promoveu, dentro das unidades, sobre o funcionamento dos Três Poderes, com dinâmicas de grupo, aulas expositivas e muita participação dos adolescentes. “Foi importante, no sentido de estimular a cidadania e levar conhecimentos básicos sobre o funcionamento da sociedade”, relata o auxiliar educacional.

Uma das suas maiores alegrias foi o sucesso de um adolescente, de 17 anos, que cumpria medida socioeducativa. Ao prestar um concurso da Minas Gerais Administração e Serviços S.A. (MGS), ele conquistou a vaga desejada, mas não tinha idade para assumir o cargo. No entanto, por meio da Justiça, o cargo ficou garantido até os 18 anos, quando foi empossado.

“Esse rapaz me confidenciou nunca ter se sentido tão respeitado quando assumiu o cargo. As oficinas que ele participou foram importantes, ajudaram, mas a conquista foi dele. Isso faz parte de um processo interno, uma transformação que é da própria pessoa”, conta emocionado Jacques Trindade, que, em breve, assume o cargo de agente socioeducativo. Ele foi nomeado no último concurso e voltará a atuar em unidades socioeducativas.

📄 Texto: Bernardo Carneiro
📸 Fotos: Tiago Ciccarini/Ascom Sejusp