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Presídio José Abranches, em Ribeirão das Neves, forma primeira turma de meliponicultores

Com aulas práticas e certificação, detentos saem da unidade prisional qualificados para ingressar no mercado de trabalho formal como produtores de mel.
O Presídio José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves, deu mais um passo em sua estratégia de ressocialização de detentos por meio do trabalho, do contato com a natureza e de práticas sustentáveis. A unidade iniciou nesta semana o segundo módulo de seu projeto de agroecologia, desta vez dedicado ao cultivo de abelhas nativas sem ferrão: a meliponicultura.
 
Em parceria com o Conselho da Comunidade de Ribeirão das Neves, o projeto terá um ano de duração, dividido em quatro módulos. O módulo atual, que é o segundo, foi iniciado na terça-feira (2/9) e terá três meses de duração, com foco em ensinar os fundamentos da agricultura sustentável por meio do cultivo de abelhas sem ferrão.
 
 
As aulas, realizadas às terças-feiras dentro da própria unidade prisional, mesclam teoria e prática. Elas são ministradas pelo agroecólogo Bernardo Serqueira, do Conselho da Comunidade, e contam atualmente com a participação de nove custodiados.
 
Para o diretor-geral da unidade prisional, Luiz Henrique Rosa, a iniciativa representa muito mais que um aprendizado técnico. “É uma importante oportunidade de ressocialização, de contato com a natureza e de prática sustentável”, avalia. 
Produção
 
Durante o módulo atual, o aprendizado será aplicado de forma prática, possibilitando a produção de mel e outros derivados pelos detentos que participam da atividade. As produções realizadas ao longo do projeto serão destinadas a instituições filantrópicas, parceiras da unidade prisional. 
 
 
O preso Natanael Teixeira Bueno, 28 anos, é um dos participantes. Ele destaca que sua expectativa é de que a ação impactará sua vida de forma positiva, quando deixar a unidade “Eu não tinha ideia de que era possível produzir mel desta forma. Isso me surpreendeu. Pretendo colocar essa técnica em prática assim que conquistar meu alvará de soltura. Sou do interior e vejo nisso uma boa oportunidade de trabalho”, afirma. 
 
"Neste projeto, o foco é resultado. O trabalho com as abelhas gera um produto tangível, demostrando que o esforço dentro do sistema prisional pode ter um impacto positivo fora dele. Essa é a verdadeira reinserção: transformar o tempo ocioso em qualificação, criando cidadãos produtivos que, em liberdade, contribuirão com a sociedade", avalia o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco.
 
Próximos módulos 
 
O projeto é composto por quatro módulos. O primeiro, já concluído, abordou os princípios básicos da agroecologia, o cultivo de hortas em sistema agroflorestal e a implantação de linhas e mudas. Com a finalização do segundo módulo (o atual), terá início o terceiro, dedicado à agricultura sintrópica e seus cinco pilares: alta densidade, alta biodiversidade, cobertura do solo com matéria orgânica, sucessão natural e estratificação. No quarto e último módulo, os participantes serão desafiados a projetar e desenvolver sua própria unidade agroflorestal.
 
 
 
O diretor regional da 2ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), Renato Rabelo, cuja sede fica em Ribeirão das Neves, reforça que iniciativas como essa são uma prioridade na unidade. “O trabalho dos custodiados é fundamental para consolidar a ressocialização. Ele oferece qualificação profissional e amplia significativamente as chances de geração de renda após o cumprimento da pena”, afirma.
 
Texto: Lara Nassif 
Fotos: Divulgação Sejusp