Exposição "Fragmentos e Vivências das Comunidades" está aberta ao público no Museu Estação Memória até 8 de novembro, com entrada gratuita
Moradores de Ipatinga, no Vale do Aço, podem conferir, até o dia 8 de novembro, a Mostra Cultural "Fragmentos e Vivências das Comunidades", que reúne obras artísticas criadas por adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa na Casa de Semiliberdade da cidade. A exposição, que teve início na última segunda-feira (28/10) no Museu Estação Memória, tem entrada gratuita e apresenta aos visitantes uma perspectiva única sobre o universo cultural e as expressões individuais e coletivas desses jovens.
Segundo Marisa Alves Satler, diretora da Casa de Semiliberdade de Ipatinga, a iniciativa busca proporcionar aos adolescentes um amplo acesso à cultura, vendo-a como uma ferramenta essencial para a construção de projetos de vida. “Entendemos a cultura como uma estratégia de ampliação de repertório de vida e, a partir daí, de construções de projetos para esses adolescentes”, destaca.
A exposição materializa valores de pertencimento e identidade, trazendo às telas e objetos artísticos as vivências das comunidades. Foram utilizadas técnicas variadas, como pintura, bordado e ilustração, nas oficinas de liberart e grafite. Entre os materiais expostos, estão telas com retratos coloridos e em preto e branco das comunidades, telhas de barro pintadas, bolsas ecológicas e uma colcha de retalhos com bordados de palavras que representam valores humanos.
De acordo com Marisa, a escolha dos materiais teve um propósito simbólico: “A telha de barro, por exemplo, remete às moradias nas comunidades e ao cotidiano das trocas e comércio local, enquanto as bolsas ecológicas lembram práticas de vizinhança, essenciais no ambiente comunitário”, observa.
Protagonismo e Aprendizado
Eduardo Saverin*, de 17 anos, um dos participantes, destacou o impacto do projeto em sua vida e o sentimento de pertencimento à comunidade. “Falar de comunidade é falar de nós, porque nós somos a comunidade, nós fazemos a nossa comunidade”, afirma. Ele conta que cada gesto e cada atitude, representados nas obras, são uma contribuição para um ambiente mais seguro e acolhedor, onde todos possam “ver as crianças soltando pipa e jogando bola” e viver em paz.
Segundo Eduardo, o projeto também foi uma oportunidade de desenvolvimento pessoal. Trabalhar em grupo nas produções artísticas lhe ensinou sobre convivência e a importância de relacionar-se bem com os outros, dando-lhe uma nova perspectiva sobre o futuro ao sair da medida socioeducativa. “Esse projeto despertou habilidades que não sabíamos que tínhamos e que vou levar para a vida”, completa.
Semiliberdade e Responsabilização
A medida socioeducativa de semiliberdade trabalha a responsabilização dos adolescentes e oferece recursos para a construção de projetos de vida, garantindo acesso a escolarização, profissionalização, fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, além de saúde, assistência jurídica, cultura, esporte e lazer.
No estado, essa medida é realizada pela Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em parceria com o Polo de Evolução de Medida Socioeducativa (PEMSE).
* Nome fictício para preservar a identidade do adolescente, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
📄 Texto: Dayana Silva
📸 Fotos: Divulgação Sejusp