Com mais de 80 mil jovens alcançados, programa de prevenção afasta adolescentes da criminalidade e salva vidas em Minas Gerais
Agosto, celebrado como o Mês da Juventude, ganha em Minas Gerais um significado especial com a trajetória e os resultados do Programa Fica Vivo!, política pública pioneira de prevenção à violência letal que atua em territórios de alta vulnerabilidade social por meio das Unidades de Prevenção à Criminalidade (UPCs).
O programa se estrutura em dois pilares complementares: o eixo de Proteção Social, que oferece oficinas culturais, esportivas e de formação profissional, além de atendimento e fortalecimento de vínculos comunitários; e o eixo de Intervenção Estratégica, que articula ações de presença qualificada nos territórios junto a parceiros da segurança pública, como os grupos especializados da Polícia Militar. Essa combinação amplia oportunidades, ressignifica trajetórias e contribui para a preservação da vida de adolescentes e jovens.

Os resultados confirmam a eficácia dessa estratégia. Entre janeiro e julho de 2025, o Fica Vivo! contribuiu para uma redução de 33,3% (42 para 28) nos homicídios consumados entre jovens de 12 a 24 anos, público-alvo do programa, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em Belo Horizonte, onde se concentra o maior número de UPCs, a queda foi igualmente expressiva: 36,8% (19 para 12) na faixa etária do programa e 1,8% considerando todas as idades. Em municípios como Governador Valadares e Ribeirão das Neves, não houve registro de homicídios em 2025 nas áreas de atuação na faixa etária FICA VIVO, enquanto em Contagem, que recebeu recentemente a unidade Estrela D’Alva, a nova UPC apresentou uma redução de 50% (2 para 1) nos homicídios.
“Mais do que estatísticas, cada vida preservada representa uma história que não foi interrompida e uma família que não precisou viver o luto. É esse o sentido maior do trabalho do Fica Vivo!”, afirma Christiana Dornas, subsecretaria de Prevenção Social à Criminalidade, que acompanha de perto a execução da política.Esses números se somam a um histórico de impacto sustentado: entre 2016 e 2024, a política de prevenção acumulou reduções consistentes nos índices de homicídios nos territórios atendidos, construindo uma trajetória de “redução sobre redução” que evidencia a importância da continuidade e da articulação das estratégias de enfrentamento à violência.
No primeiro semestre de 2025, o programa promoveu experiências que aproximaram jovens da cultura, do esporte, da educação e da comunidade. Um dos marcos foi a formatura realizada em 17 de julho, no SENAI CEDETEM, em Belo Horizonte, que celebrou a conquista de 25 jovens atendidos pelo Fica Vivo!: 14 formados no curso de Redes de Computadores e 11 em Marcenaria, após um ano de aprendizado prático e bolsa de estudos garantida pela parceria com o SENAI e a COPASA.
“A cada jovem que consegue se formar, conquistar uma profissão ou se reencontrar com a comunidade, temos a certeza de que estamos no caminho certo. Essas oportunidades são portas abertas para que eles escolham viver e sonhar com um futuro diferente”, reforça Dornas.
Outras iniciativas também marcaram o semestre, como a participação de adolescentes na Semana S, do Sesc, em Belo Horizonte, e o projeto “Super Bola de Ouro”, realizado na UPC Serra, que mobilizou a comunidade em torno do esporte e da arte em um torneio inspirado no Super Bowl. Essas vivências traduzem a essência do programa: oferecer alternativas de futuro e fortalecer laços comunitários.

“O Fica Vivo! mostra que, quando o Estado está presente e caminha junto com a sociedade, é possível transformar territórios e reduzir a violência de forma consistente. É um trabalho diário, coletivo e cheio de significado”, destaca Dornas.
Para o secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco, cada jovem que encontra no Fica Vivo! uma oportunidade de estudo, trabalho ou cultura é um jovem a menos cooptado pela criminalidade. “A redução de homicídios que estamos alcançando não acontece por acaso. É fruto de uma política pública séria, articulada e que atua onde o problema está, evitando que mais famílias sejam destruídas pela violência”, analisa Greco.

Texto: Ana Paula Drumond Guerra
Fotos: Arquivo/Ascom Sejusp
Fotos: Arquivo/Ascom Sejusp